Apesar de já estar na estrada já a alguns anos este ano foi o ano de Maylton Tavares aka MIIV e Coffee&Milk, um dos principais residentes do Chakra.
Se você frequentou o catarinense Chakra Club durante o ano de 2016 sabe muito bem o que estou falando. Seja no warmup ou encerrando a festa o joinvilense consegue conectar seu set de uma forma única com a pista.
Abaixo você confere um rápido bate papo com esse artista que tem tudo para estourar em 2017.
Como e quando surgiu a musica eletrônica na sua vida e por que virar DJ?
Eu me recordo que a partir do ano de 2006 com o inicio da popularização da internet, eu e meu irmão sempre fomos conectados com pesquisa de filmes e imagens pelo fato de praticarmos bmx. Nessas pesquisas de imagens e filmes na época, comecei a esbarrar com imagens aleatórias que apareciam nos sites de buscas, algumas dessas imagens eram de raves o que nos meus 16 anos me despertou muito interesse sobre todo aquele universo.
Comecei a baixar alguns sets e ep’s, ler as poucas mídias que encontrava como o Disturb, Psicodelia e até este blog, e, no ano de 2009 decidi ir para a minha primeira festa. Era o mesmo dia da minha formatura de ensino médio, lembro que eu estava felizão de estar no pico e que quando amanheceu, eu senti que era aquele lugar tipo de lugar que eu iria frequentar, sei lá, pelo resto da vida.
Em 2010 fui na minha primeira festa grande em Curitiba e ainda desvendando esse mundo, comecei a me distanciar do trance que ouvia no inicio e a me interessar pelas batidas mais lentas. Lembro de gostar muito de inicio de DJs como Italoboys, Catz`n Dogs, Supernova, Green Velvet.
Em 2011 comecei a conhecer a galera da região que organizava as primeiras festas do planalto norte aqui em SC, como o Coxinha, Diego Gesser, Thiago, Tchucho, Ricasan, Kelvin, Alycion e comecei a fazer o curso de DJ com o Ricasan, no início a intenção não era virar Dj mas sim conhecer um pouco mais da musica e quem sabe brincar em alguns churrascos
Frequentando cada vez mais as pvt`s da região sempre no amanhecer eu ficava impressionado com a energia que cada DJ proporcionava, até que em junho fui no Warung em que tocou Funk D`Void e em julho com o Tchucho fomos numa Tribe em SP e pegamos uma sequencia no Palco Club como Stephan Bodzin, Joris Voorn, Boris Brejcha e D-Nox. Depois de viver tudo isso eu não queria mais nada, eu tinha ouvido o chamado, eu queria ser DJ.
Resolvi me dedicar ao máximo ao curso de DJ, após a conclusão treinei muito mais e no final de 2011 tive a honra e oportunidade de tocar pela primeira vez numa festa. Com direito a equipamento bom, P. A com potência e até flyer rsssssss. Depois disso não consegui mais parar, procurei evoluir e melhorar cada vez mais minha técnica, atitude e pesquisa.
Em 2012 decidi largar a faculdade, um emprego promissor que tinha conquistado em um grande banco internacional, mudei toda a minha visão da vida e decidi correr com todas as forcas atrás dos meus sonhos e neste mesmo ano o Chakra Club entra em cena e na minha vida
Quais suas principais influencias no inicio da carreira e atualmente?
De inicio eu gosto de citar os filmes de bmx, que assistíamos na adolescência, acho que isso me ajudou a gostar de musicas escolhidas a dedo, me ajudou a desenvolver pesquisa, porque era muito difícil encontrar as musicas que tocavam nos filmes de bmx para ouvir no dia a dia.
E como eu disse anteriormente o que sempre me encantou foi a cena club, aquele palco menor atrás do main stage, onde rolam longs sets. O que me influencia e me inspira hoje em dia é o que me inspirou antes e o que somou nesses anos de dedicação a e-music.
Você possui dois projetos o MIIV e também o Coffee&Milk junto com o Diego Gesser, nos conte um pouco sobre ambos.
O MIIV surgiu em 2012, eu estava começando a firmar meu espaço no Chakra Club, mas meu nome de nunca me favoreceu nem para ganhar apelido. Eu precisava dar um nome para meu projeto pessoal, a pronuncia MIIV ja me agradava muito pelo fato de ser as letras da placa do meu carro, mas, eu precisava de um significado para cada letra, até que um dia no ritmo de Jah me veem a ideia na cabeça. Musica Interagindo com Instintos Vitais.
Mas acabou que durante os anos de 2013 a 2015 usei o meu nome de registro no meu projeto pessoal, e, em 2016 graças ao Jhoni Olinger resgatamos a ideia do MIIV que nunca tinha sido esquecida e tem dado muito certo.
https://soundcloud.com/miiv/miiv-chakra-club-sitar2anos-joyce-muniz
Já o Coffee&Milk em parceria com o Diego Gesser, dispensa comentários. O Chakra sempre foi um club que permite aos seus residentes a oportunidade de tocar em quase todas as festas e em bons horários, nessa levada eu e o Diego sempre estávamos fazendo B2B sempre com muita vibe e sintonia. Um dia a ideia de montar um projeto começou a surgir e na metade do ano de 2014 demos inicio ao Coffee&Milk, nestes dois anos de projetos conquistamos muitos objetivos e também nos divertimos demais, que no final é o que mais importa.
Voce se lembra da tua primeira Gig?
Lembro e sempre vou lembrar, fui intimado no começo da noite, entraria de manhã tocaria uma hora. Foi numa Meeting Crew em 2011, toquei as musicas que eu curtia independente de qualquer coisa, escolhi todas na hora e me diverti muito.
Outra gig quase como a primeira e que fez a diferença foi na metade de 2012 tive a oportunidade de tocar em um sunset do Chakra Club, essa apresentação foi filmada e esta no youtube até hoje, esse dia foi muito especial. Me mostrou que é o que você faz que mostra onde você quer chegar.
Ja passou por algum perrenque como artista?
Essa pergunta eu gostaria de responder assim, ja passou algum perrengue por querer ser artista?
Lembro que em 2013 um ano após ter saído do banco e entrado de cabeça na vida de DJ, a crise bateu, morávamos eu e meu irmão e eu precisei a voltar a trabalhar num emprego formal. Como eu estava a um ano parado no mercado de trabalho e sem experiência a única função que consegui foi descarregando containers a noite. Cada noite era um calvário, mas a cada caixa que eu levantava eu me lembrava de que estava ali por que eu decidi ir atrás do meu sonho e que eu iria superar cada desafio. Perrengue como artista, hummmmmm. Já toquei em festas em que houve tiros, já vi booker de DJ ser tirado pelo pescoço de cima do palco porque não me deixava tocar e por ai vai.
https://soundcloud.com/chakraclub/coffeemilk-chakraset-showcase-blumenau-021
Você como residente do Chakra, como vê o cenário eletrônico local, Existe uma rixa entre os clubs e artistas da região?
Na minha opinião não seria uma rixa, a época em que as festas de musica eletrônica eram raras já passou, o publico era muito menor e era muito mais fácil todo mundo gostar da sua causa sem precisar defende-la.
Hoje em dia o negocio se popularizou. Até mesmo na nossa região, com cidades pequenas com os clubs chegando e deixando as festas mais profissionais é natural que, com uma massa maior de frequentadores, comece a surgir quem gosta mais daquilo ou gosta mais disso. Ai cada um defende sua causa, não seria uma rixa, é algo mais como defesa dos interesses.
Você esta começando a produzir você pretende em breve fazer uma apresentação com tracks suas ou acha necessário mesclar com de outros artistas?
Sim depois de alguns anos atuando apenas como DJ estou entrando no mundo da produção musical. Consegui conquistar meu “Home Studio” e quando ganhamos o DJ Contest, da Rio Me, com o Coffee&Milk, recebi uma bolsa para um curso de produção.
Sobre tocar um set 100% autoral ou mesclar, eu acho que a diversão em estar no palco é o artista ter 500 tracks na case e sentir na hora o que vai escolher e colocar para o dancefloor dançar, ou seja mesmo solo ou com o Coffee&Milk acho que vai ser difícil abandonar essa identidade freestyle.
Quais os próximos passos como artista?
Primeiro de tudo continuar me divertindo, isso é o mais importante. Continuar me especializando e evoluindo para sempre estar ao nível do club do qual sou residente e do projeto que faço parte. Sempre ter fé na missão, a maioria dos DJs de verdade que conheci tem mais de 15 anos de carreira, nunca desistiram, então independente de qual for o sonho devemos continuar sempre, nunca desistir, porque em algum momento quando você menos perceber já terá dado certo.