Seja bem-vindo ao mundo dos festivais

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Sente saudades das festas que até o mestre Zuenir Ventura chegou a “comparar” com o Woodstock em seu livro “1968 — O que Fizemos de Nós”, festas onde o público não era dividido por espaços e esse mesmo público se importava mais em sentir a festa ao invés de exibir o corpo?

Sente falta de uma pista que transmita energia seja pelo som psicodélico ou pela decoração?

Se a sua resposta para ambas as perguntas foi “sim”, seja bem vindo ao mundo dos festivais e por falar em festival recentemente descobri sobre o Vollmond. Um festival que nasceu em Ponta Grossa (120km de Curitiba) no ano passado e que em 30 dias estava criado. Um festival que já está com a sua segunda edição marcada para o próximo ano com muito dark, progressivo e full on, com muita arte e cultura.

Conversei com Deivid Cruziniani DJ e o idealizador do Vollmond, e esse bate papo você confere abaixo.

Como surgiu a idéia de criar o Vollmond? E a escolha do nome?
Surgiu em uma conversa realizada no Natal de 2012, onde o DJ Urucubaca queria muito mostrar o projeto na cidade de Ponta Grossa, procurei um patrocinador e ele topou desde que a festa fosse realizada antes do carnaval. O patrocinador furou, mas mesmo assim decidi levar a ideia da festa à diante, em 30 dias a primeira edição da Vollmond foi criada e realizada. No dia 26 de janeiro de 2013 mais de 385 pessoas estavam dançando e nos motivando a seguir em frente com a festa.

Sou descendente de alemão e quis ligar a festa a essa descendência, Vollmond significa: Lua cheia.

No ano que vem teremos a segunda edição do festival. Conte-nos um pouco de como foi a primeira edição.
O local foi o Rancho República que consegui através de uns amigos. Por causa da exigência do patrocinador, não tivemos muito tempo para pensar e tínhamos que agir com o que estava a nossa frente. Para você ter uma ideia do pouco tempo que tivemos os ingressos começaram a ser vendidos 15 dias antes da festa.

A decoração foi feita pelo Fernando Faraoh, da Arte Beta e para mim foi o destaque da festa. Já na questão do line-up troxemos o Urucubaca novamente em Ponta Grossa e destacando sons mais “pesados” e uma outra pista com sons mais alternativos como você pode notar abaixo:

Pista Principal
23:00 PROG DARK — LFO
00:00 PROG DARK — RODRIGO COSTA
01:00 PSYGRESSIVE — URUCUBACA
03:00 FORESTSUOMI — KAUHANA
04:00 DARK PSY — DEEJOKER
05:00 FULL ON NIGHT — HOBBIT
06:00 FULL ON — LUTHY
07:00 FULL ON — GUILHERME CIOLA
08:00 GOA — AZAHELL VS YANTRA
09:00 PROG DARK — AZAHELL
10:00 ZENONESQUE — YANTRA
11:00 PROG TRANCE — ACIDREAMS
12:00 PROG TRANCE — KADUM LIVE
13:00 PROG TRANCE — MURILLO

Pista Alternativa
00:00 HIP HOP — FB — Ponta Grossa — PR
02:00 HIP HOP — FORMA ÚNICA — Ponta Grossa — PR
04:00 FUNK BREAKS — ZION — Ponta Grossa — PR
06:00 DUB — DEEJOKER Cwb — PR
08:00 EXPERIMENTAL — SEMENTE PSICODÉLICA LIVE
10:00 DOWNTEMPO — ELVEN GROVE
12:00 TECHNO — DANI SOARES — Ponta Grossa — PR
14:00 PROGRESSIVE TRANCE — HOBBIT — Ponta Grossa — PR

Já pode nos adiantar algo sobre a segunda edição?
A segunda edição está marcada para os dias 14, 15, 16 e 17 de fevereiro do ano que vem e será algo de três, quatro vezes maior que a anterior, o local já foi definido mas só iremos soltar em Janeiro. Também já está definida toda a equipe de DJ´s e fotógrafos, equipe de som, estrutura e demais atrações, estamos definindo os últimos ajustes e as tradicionais burocracias como ECAD, alvarás e demais taxas.

Alguns nomes que já podemos adiantar são: XPiral, Alien Chaos, Inê e Kadum, além de Pedra Branca entre outros que serão divulgados em nossa fanpage.

Teremos cinema, intervenções artísticas com o pessoal do Corda Bamba e do Leonardo Biasi e montamos uma equipe de fotógrafos bem especial para o registrar todo o evento.

Recentemente divulgamos o flyer e já recebemos retornos que nos motivaram ainda mais com essa próxima edição. Além disso, tem o site que em breve estará liberado e com todas as informações.

É comum vermos juízes, promotores e outras pessoas contra um evento deste porte, alegando que a realização do mesmo será prejudicial para o meio ambiente, o festival possui projetos que buscam diminuir este impacto?
Existe sim. O festival irá pagar um real por lata ou garrafa vazia na compra de outra, além disso, teremos o pessoal da limpeza e estamos desenvolvendo um projeto de limpeza responsável.

Na área do festival teremos aproximadamente 100 tambores de lixo, o que dará uma média de um tambor para cada 10 pessoas. Mas sabemos que esse impacto ambiental, não depende apenas da gente, mas principalmente da conscientização do público.

O festival também possui projetos que envolvem a comunidade local, fale um pouco sobre eles.
O Vollmond ajuda um asilo, o “Lar das Vovozinhas”, abaixo você pode ver um vídeo onde eu toco música eletrônica e elas se divertem. Também arrecadamos 1 kg de alimento por pessoa pagante.

Sabemos que o cenário eletrônico mudou e muito de uns anos para cá. Como você descreveria as festas de antigamente para os que estão entrando agora neste mundo?
Antigamente a galera ia mais pela música, pela energia do trance. Hoje mal sabem o que ou quem está tocando. Se festa é conhecida ou se tem aquele DJ TOP 1 no Beatport a galera se motiva mais, porém pouco sabem que existem outras festas menores e infinitamente, não diria melhor, mas que vai passar uma sensação completamente diferente, uma outra troca de energia, algo mais positivo.

E as festas de hoje?
Acredito que hoje existam poucos eventos com qualidade, temos o Terra Azul, Universo Paralello, Mundo de OZ, Shivanéris, Vollmond, entre outras. Já TT, XXX para mim nem precisava existir mais, ou que exista para ser comparado e que traga mais pessoas para o mundo trance
, me desculpe a sinseridade, mas acho muita falta de respeito com o público e também com o ambiente, muito lixo e poucas pessoas que conhecem realmente sentir o que é o trance, são só “modinhas”, falo isso por experiencia própria, comecei indo em festas assim, depois de conhecer os festivais no Tandava em 2009, mudei por completo meu modo de pensar, depois de ir no UP nem se fala a mudança que tive e as pessoas que me aproximei é outra vida eu diria, estamos aqui para evoluir e minha evolução acredito que uma delas tenha sido esta.

Como você vê esse cenário daqui cinco anos?
Acredito que estes “modinhas” poucos ficarão e os que ficarem serão mais conscientes e entenderam um pouco mais do trance e demais vertentes.

Qual conselho você dá para aquelas pessoas que estão indo pela primeira vez a um festival?
Acho que o principal conselho seria o de respeitar. Se em um evento de horas isso já é necessário, quando falamos em um festival de dias se torna uma “obrigação”. Quando falo em respeito é com tudo, com a pessoa que acampa do teu lado, com a que está dançando, com o artista que está se apresentando, com a pista e principalmente consigo mesmo. Respeitar o próprio corpo, os próprios limites é essencial em um evento como esse. Entender que um “indio“ feliz é um “indio“ com o rosto pintado.

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