Menos de uma semana após o Nordeste salvar o Brasil de mais quatro anos do coiso ruim, um cabra arretado desembarcou na República de Curitiba e transformou as últimas horas da Progressive em uma bagaceira só.
Durante a semana tive a oportunidade de bater um papo com o Luiz Neto, responsável pelo projeto Brainlapse, que mostrou a força que o nosso Nordeste tem no cenário eletrônico. Agora sem lenga lenga vamos para a entrevista.
Como e quando a música eletrônica surgiu?
Surgiu em 2016, um amigo me chamou pra uma rave, eu pensei “bom, n tenho nada pra fazer mesmo, vamo ver como é”. Na verdade eu não era muito chegado a música eletrônica, mas depois da primeira rave… Bom, olha onde estamos kkkkkk.
Quais eram suas referências no início e agora?
Sem sombra de dúvidas quem mais me inspirou a começar a carreira de DJ foi Altruism, achei incrível a apresentação dessa mulher! Fiquei curioso pra saber como que funcionava essa coisa de DJ e fui pesquisando novos sons. As referências pra mim não mudaram, na verdade os novos nomes que eu conhecia iam somando, mas não substituem as referências que eu já tinha. Earthspace, Burn in Noise, Elowinz, Southwild, Dripping Purple, Dickster são alguns de MUITOS nomes que tenho como referência dentro do Psy.
Você começou tocando DJ set e depois começou a produzir, como foi essa mudança?
No começo foi meio frustrante, porque tinha muito conteúdo voltado pra DJ na internet, mas conteúdo de produção de Psytrance era bem escasso, eu lembro que tentei por sei lá uns 2-3 meses mas como não tava fluindo muito bem eu deixei de lado e continuei como DJ set por um ano, no ano seguinte conheci outro software de produção o qual um amigo me ensinou comandos básicos (como por exemplo criar um canal de audio novo, sim, era esse o nível kkkkkk) depois que a marcha engatou não parei mais. E devido a escassez de conteúdo, sempre que eu descobria uma coisa nova eu compartilhava com vídeos no YouTube, depois de um tempo comecei a dar aulas de produção musical e trabalho com isso até hoje. O mais engraçado é que esse amigo nem produz, só tava curioso no momento e a curiosidade já passou hahaha.
Falando em produção, existe uma track que seja a filha preferida?
Com certeza! É uma collab com o Ital, o release vem em dezembro pela DM7 Records, a track se chama Introspective Explosion. O motivo de eu gostar tanto dela foi o motivo pelo qual dei esse nome, tem um momento que a música explode e depois entra a melodia principal, que traz um certo mistério e esse mistério eu vejo como algo que cada pessoa tem e interpreta de uma forma, por isso o Introspective. Não tem uma vez que eu escuto essa música sem me arrepiar.
Como é o seu processo de criação?
Eu tento fazer da forma mais natural possível, sem regras, sem rótulos, sem fórmulas. Na verdade eu gosto de experimentar bastante! Mudar a forma de começar uma música ou de produzir ela de forma geral foi algo que me fez enxergar a música com outros olhos (ou ouvidos rs) e com certeza esse foi um ato que me ajudou e me ajuda e desenvolver cada vez mais minha identidade sonora.
Como você definiria o seu som para aqueles que ainda não escutaram?
Na verdade eu não sei definir ele muito bem, mas eu sei que é um som dinâmico, moderno e com muita psicodelia! Da pra encaixar tanto na noite como no dia, o que vai mudar é a forma que eu vou me apresentar pra que minha apresentação faça sentido do começo ao fim.
Recentemente você esteve em Curitiba e encerrou a Progressive Ed Sonora, como foi tocar na festa?
Foi uma sensação muito boa, fiquei que nem arroz de vó, soltinho no palco hahaha. O público dessa festa é maravilhoso, me senti muito confortável, consegui interagir bastante com a galera e o mais importante: fiz xingarem a minha mãe (desculpa mãe).
Todo DJ já passou algum perrengue em alguma gig, qual foi o seu?
O dia que eu descobri o loop de emergência, pra quem não descobriu ainda: é quando a cdj da algum pau e deixa um trecho da música em loop e n tem mais o que fazer, parte pra outra cdj. Nesse momento o Element tinha acabado de subir no palco, (ele tocava depois de mim) dai eu olhei pra ele e falei “mano que porra que aconteceu?” Ele respondeu “xi mano azedou” daí eu olhei de volta pra ele, olhei pra cdj e pensei “fudeu” (enquanto rolava esse diálogo o pau tava torando) mas no final deu tudo certo, consegui transicionar pra outra música e vida que segue.
Existe alguma festa / festival que mais lhe marcou?
Vários!! Como artista tocar na Alien Nation, Sonoora x Shivatech e Progressive x Sonoora tem um lugarzinho especial no coração. Como público: Adhana Festival me fez ter uma das melhores experiências da minha vida, o que também influenciou na minha forma de ver a música e de me apresentar.
Tem algum evento que tem o sonho de tocar?
Adhana e Boom são meus sonhos de princesa. O Boom eu me encantei com o vídeo do Burn in Noise em 2016 tocando pra um mar de gente e me senti muito bem representado, não tem nada melhor que ver um brasileiro no topo do mundo. Desde então morro de vontade de ir pro festival, pra curtir ou pra trabalhar, a vontade de ir é a mesma. E o Adhana foi o primeiro festival que fui, me senti acolhido, parecia que eu tava em casa com uns pure groove, muita somzera e gente legal hahaha, depois que vi como funcionava um festival, como o público se comporta, como a dinâmica funciona eu pensei na hora “é isso que eu quero, quero mostrar meu trabalho aqui”.
Quais os planos para 2023?
2023 vai ser um ano cheio de música nova no ar, se tudo der certo, uma por mês! A perspectiva pros eventos também ta bem legal. Então o plano é fazer 2023 acontecer!!
Rapidinhas:
Uma track: Imaginarium & Earthspace – Glitches of Perception
Um Álbum: Astrix – H.e.a.r.t
Um Artista Nacional: Earthspace
Música é: Liberdade
SAIBA MAIS:
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