PSYcodélicos mostra ao poder judiciário que criança pode e deve frequentar festas eletrônicas

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Dias após a juíza Fabrícia Alcantara Mondin proibir a entrada de crianças no Adhana Festival, o núcleo PSYcodélicos resolveu mostrar que as verdadeiras festas eletrônicas são sim lugares para as pequenas e pequenos.

As festas eletrônicas que se dispõem a abrir um espaço destinado as crianças sabem da responsabilidade que possuem com esse público, sabem da importância que tem para o desenvolvimento da criança se socializar com outras crianças e outras pessoas. O núcleo PSYcodélicos vem trabalhando a cada edição para que os pequenos e pequenas tenham cada vez mais espaço em suas festas tornando-se uma das principais referências em relação a este assunto.

Durante as quase cinco horas que passei dentro da útima festa organizada pelo núcleo este ano, o Natal Solidário PSYcodélicos, o qual arrecadou mais de 300 presentes para serem distribuídos para ACRIDAS — Associação Cristã de Assistência Social — , pude constatar crianças das mais variadas idades, correndo, brincando, dançando, rindo, fazendo manha, resumindo sendo crianças.

Para entendermos um pouco mais sobre esta relação criança x festas conversei um pouco com a Jakcele Polli, da Cacaricodélicos Family. Ela e sua família são vistos com frequência em várias festas e festivais.

Qual a importância dos eventos para as crianças?
Me lembro nitidamente o primeiro festival que eu levei minha filha, Anittza, ainda com 8 meses de idade, me lembro de sentar ela ao lado de uma árvore e ela explorar aquela arvore com suas mãozinhas ela nunca havia tocado em um tronco de arvore, apenas em paredes frias e geladas. Enfim, nesse mesmo festival, ela deu seus primeiros passinhos, tímidos, segurando os dedos do pai dela. Com os pés no chão recebendo toda aquela energia gostosa que só a natureza pode oferecer a eles!

Passamos a frequentar festivais por causa dela, pois não queríamos sair e deixar ela com os tios, avôs. Acreditamos que nossos filhos são seres únicos e de responsabilidade nossa!

Eles contam os dias para o próximo festival, para dormir na barraca, para ir na festa na floresta (como carinhosamente eles chamam as festas) eles participam ativamente de todas as oficinas preparadas para eles, como o plantar e cuidar das plantas, as oficinas de alimentação saudável, as de brincadeiras retrô que hoje não vejo mais em lugar nenhum. Eles pintam, confeccionam seus próprios brinquedos com lixo reciclado e apreendem a importância de reciclar e cuidar do planeta TERRA!

As festas possuem atividades para todas as idades desde os bebezinhos, crianças mais velhas ate os adultos interagem nas brincadeiras. Quando, por exemplo é colocado a Argila na roda a interação é linda entre todos.

Então vejo como a maior importância do evento para as crianças é a interação social com pessoas de diferentes idades e a natureza!

Como lidar com a exposição ao consumo de álcool e outras drogas?
Como lidar com isso no mundo né?

Posso passar o festival inteirinho e não ver nada, assim como posso passear no Parque Bacacheri aqui ao lado de casa e ver alguma pessoa bebendo ou usando alguma droga ilícita. Seja no festival ou em um parque da cidade, o consumo destas drogas não esta apenas dentro do festival, concorda?

Então como na vida social, no festival eu evito estar perto e o festival proporciona uma área linda para as crianças onde eles tem atividades de hora em hora. Onde cada participante respeita o espaço dedicado as crianças, e posso afirmar com todas as palavras o RESPEITO PELAS CRIANÇAS É LINDO!

Agora falando como mãe, você acha que eu os levaria em algum lugar que eu achasse que os prejudicaria?

Vejo vocês com bastante frequencia nas festas / festivais e sempre acompanhados de seus filhos, como é a rotina de vocês dentro dos eventos?
Cada festival é único mas antes de sair de casa já olhamos e examinamos o local e como vai ser o festival. Vemos os horários de intervenções artísticas, das oficinas e tudo mais, e assim tentamos organizar uma agenda para participar com eles de tudo, porem nem sempre é possível pois respeitamos muito o tempo deles!

Somos pais de duas lindas crianças Anittza hoje com 4 anos — frequenta festivais desde os 8 meses — e Gabriel com 3 anos — frequenta festivais desde a gestação.

Antes de chegar ao evento ja visualizamos o mapa com locais de camping e as pistas, ainda em casa já escolhemos o local da barraca, hoje em dia esta ainda mais fácil pois os eventos vem disponibilizando um espaço família de camping, espaço esse próximo a banheiros, longe do som e com muita sombra. Até quero deixar registrado aqui meus parabéns a esses eventos com esse espaço.

Basicamente nossa rotina no festival é mais ou menos assim:
Acordamos super cedo e ja preparamos aquele cafezão da manha diga se de passagem bem melhor do que os lá de casa hauhauaha. Com frutas, leite, bolacha, sucrilhos e aquele bolinho que a vovó manda para os primeiros dias, e, o mais importante nós 4 juntos sentados a mesa — que na verdade é o gramado — coisa rara de acontecer em nossa casa devido a correria escola X trabalho!

Após o café lavamos toda a louça nos arrumamos e vamos para o espaço kids dedicamos a manhã toda as crianças. Brincamos com eles esse período todo, quando eles enjoam vamos ao chillout e lá sempre tem um sonzinho alternativo bem gostoso, alguém fazendo pinturas corporais que as crianças amam ou ate mesmo umas apresentações circenses, danças é um espaço com muita cultura!

Na hora do almoço sempre faço uma carninha no molho com arroz
ou polentinha, podemos sair festival e voltar quantas vezes acharmos necessário então sempre buscamos algo no mercado para fazer. As crianças comem e dormem aquele soninho pós almoço. Assim que acordam comem uma fruta ou papinha de bolacha e vamos para a pista principal pois o sol ja esta mais fraco. Lá eles brincam com arminhas de água com as pessoas do fundo da pista, mãe pega, esconde esconde e sempre estamos de olho nele e na liberdade que damos a eles!

No final da tarde, lá pelas 18 horas, voltamos para a barraca, eu fico preparando algo para eles comerem e o Rafa me ajuda a separar as coisas para o banho. Nos revezamos nesta função do banho, eu tomo com Anittza e o Rafa com o Biel.

Depois é hora de entrar e ficar na barraca pintando algum desenho ou modelando as massinhas que levamos para entreter eles em caso de muita chuva.

Como você enxerga a proibição que aconteceu no Adhana?
Um golpe baixíssimo! Não consigo lembrar disso sem me dar um nó na garganta e lagrima escorrer!

Toda a vez que assisto um video de um festival me pergunto o por quê? Qual o problema que eles estão vendo lá? Me pergunto se a pessoa que assinou essa proibição já frequentou por algumas horas um evento?

Vejo isso como puro PRECONCEITO estamos sendo nitidamente prejudicados quanto Família! Sem CRIANÇAS deixa de ser FESTIVAL pois são as crianças que iluminam, são as crianças que dão forças para todos que ali estão.

Levo muito comigo uma frase que ouvi ainda quando adoslecente “QUE QUANDO PERDER A ESPERANÇA, PROCURE NO OLHAR DE UMA CRIANÇA”! sem mais!

Vocês estão planejando algumas atividades fora do festival para as criança, correto? Nos fale um pouco mais sobre isso.
Com a proibição das crianças no Adhana ficamos perdidos, porém o universo conspira a nosso favor e eis que surgiu o Douglas em nossas vidas. Quando ele soube de todo o acontecimento entrou em contato comigo e mais algumas famílias e nos convidou para ficar com eles em uma chácara alugada particular próximo ao evento!

Como vão ter varias crianças no local e todas proibidas de entrar festival nós mães nos reunimos e preparamos algumas atividades para fazer com as crianças como se fosse um festival particular. Pegamos ideias dos festivais que já frequentamos e vamos trabalhar com eles. Iremos nos revezar com as crianças para que todos consigam participar um pouco do festival que promete estar lindo!

A cada espaço kids aprendemos algo para trazer para nosso dia a dia como pais, as meninas que trabalham nos espaços normalmente são profissionais formadas em Psicologia infantil e entendem muito bem de como trabalhar com os pequenos.

Eu e o Rafa recebemos a honra de ser convidados a ajudar no Natal Solidário da PSYcodélicos e ficamos muito felizes e preocupados com a responsabilidade pois nunca tinhámos feito tal trabalho, mas ficamos lisonjeados. Logo começamos a pesquisar o que fazer para prender a atenção deles, e foi incrível!

Lógico foi um trabalho bem amador porém desenvolvido com Muito carinho!

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