Esta semana em uma busca no Estante Virtual, encontrei um dos livros que me ajudaram bastante no meu TCC – Todo DJ Já Sambou, da jornalista Claudia Assef. Em 2006/2007, diferente de agora, havia muito pouco material escrito sobre o assunto.
Neste momento de “pausa” para os mais racionais e não-gados, uma boa alternativa está sendo a leitura e, para ajudar, selecionei alguns livros importantes para artistas e público entenderem um pouco mais da história deste movimento eletrônico antes e depois do boom.
Todo DJ Já Sambou
Autora: Claudia Assef
Um livro que todo DJ deveria ler para entender um pouco da sua história e de como a discotecagem saiu do anonimato para virar a principal estrela das festas.
O livro ganhou um “upgrade” em 2017 e pode ser encontrado diretamente no site da jornalista
Esta nova edição do Todo DJ Já Sambou vem expandida e atualizada em várias frentes: tem Alok e Vintage Culture, outro blockbuster atual das pistas brasileiras; retrata a conquista de espaço das mulheres na discotecagem, com nomes como ANNA, que ocupa uma das capas; explica o novo e forte eixo das festas independentes de São Paulo, como Mamba Negra e Capslock; e conta sobre a reverberação da bass music, que colocou o DJ Zegon e seu projeto Tropkillaz como nomes internacionais.
Sinopse: Todo DJ já sambou’, conta a história da profissão desde quando ela surgiu no país até os dias atuais. Além disso, a obra trata da noite, cultura clubber e música para dançar, seja ela samba-rock, disco music ou tecno. O livro traz personagens como Osvaldo Pereira, um típico brasileiro, que estava no lugar certo na hora certa. Com criatividade e vontade de levar diversão mais barata para as massas, Osvald, o primeiro DJ do Brasil, ‘inventou’ uma profissão que estava surgindo quase que ao mesmo tempo em outros cantos do planeta.
A ‘orquestra invisível’ de Osvaldo (nome do seu equipamento de som nos anos 50) tocava discos em 78 rotações de Glenn Miller e afins. Os bailes organizados por ele inspiraram toda uma geração de DJs de black music. No Rio de Janeiro, essa cena black serviu de base para a criação dos bailes funk; e em São Paulo formou a primeira geração de DJs de hip hop.
Leia mais: A história brasileira por trás das pickups: Todo DJ já sambou
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Música, Máquina e Humanos – Os DJs no Cenário da Música Eletrônica
Autora: Tatiana Bacal
Sinopse: Tatiana Bacal lida com um tema extremamente interessante: a trajetória dos DJs de música eletrônica ao longo de algumas décadas, de disc jockeys (locutores de rádio e colecionadores de discos) a atrações principais. Em outras palavras, da situação de anonimato e da condição de “técnicos” escondidos em boates ao estatuto de artistas. E o que é mais importante: ao acompanhar esse tipo de trajetória, o que Tatiana realmente procura discutir é a própria construção da figura do artista na cena eletrônica. Trata-se de um trabalho realizado com esmero, contextualizada na virada do milênio e baseado na observação em festas e em eventos de música eletrônica, e de entrevistas com DJs no eixo Rio – São Paulo.
Onde Comprar: Estante Virtual
Festa Infinita – O Entorpecente Mundo das Raves
Autor: Thomas Chaverini
Um livro que gerou bastante barulho na época de seu lançamento, mostra a narrativa pessoal de Thomas Chaverini sobre o cenário eletrônico, principalmente uma viagem ao Universo Paralello. O autor foi acusado de divulgar trechos não autorizados em entrevistas e, particularmente, mostrou um lado tendencioso sobre as festas e festivais.
Sinopse: Em “Festa Infinita”, o leitor é convidado a um mergulho no barulhento, colorido e entorpecente mundo das raves. Logo no primeiro capítulo, uma narrativa dinâmica e precisa descreve uma festa do começo ao fim, com toda a intensidade da música, com a efervescência das drogas sintéticas, e com garotos que se penduram pela pele em bizarras e angustiantes performances masoquistas.
A partir daí, o autor cria um amplo panorama desse movimento contracultural, que só no Brasil atrai cerca de 500 mil jovens por mês, para alguma das 1.400 festas, promovidas anualmente em sítios, praias desertas e clareiras no meio do cerrado. Raves que chegam a atrair 30 mil pessoas em “modernos rituais de êxtase coletivo”.
Para dar vida a este mundo sensorial, o repórter entrevistou inúmeros DJs, produtores e aficionados, criando uma trama de perfis que, por meio de casos curiosos, divertidos e até dramáticos, ilustram a história das raves no Brasil. Usando técnicas de imersão próprias do jornalismo literário, o autor conviveu intensamente com os personagens retratados, acompanhou DJs em assustadoras viagens noturnas, e mergulhou em noites de música ininterrupta.
Num ônibus, junto a 40 ravers, empreendeu uma surreal viagem de mais de 30 horas até o interior de Goiás, e passou uma semana acampado num dos maiores festivais de música eletrônica do país. No fim do ano, viajou a uma praia deserta no sul da Bahia onde, por quase um mês, acompanhou a montagem do Universo Paralello – festa que atrai dez mil ravers para mais de uma semana de sol, drogas e dança. Finalmente, para viver e retratar esse universo da forma mais intensa e realista possível arriscou-se a experimentar na própria pele os efeitos do ecstasy somados à música eletrônica.
O resultado desse processo de imersão é um texto fluido e instigante, que mexe com os sentidos, que evidencia o hedonismo descompromissado de parte da juventude atual, e que documenta uma faceta da história contemporânea completamente desconhecida para a maioria dos mortais.
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O Barulho da Lua – A História do DJ Anderson Noise
Autora: Claudia Assef
Mais um livro importantíssimo da jornalista Claudia Assef, mostra a trajetória de uns dos artistas nacionais mais importantes para a construção da música eletrônica no Brasil.
Sinopse: O Barulho da Lua – A História do Dj Anderson Noise Noise on the Moon – The Story of Dj Anderson Noise São 30 anos de carreira retratada em uma obra que destaca a trajetória profissional de um dos principais nomes da música eletrônica em Brasil, o DJ Anderson Noise.
Selecionado para receber patrocínio do Natura Musical no edital dedicado ao estado de Minas Gerais, Escrita ao longo do ano de 2019, pela jornalista Claudia Assef, a biografia O Barulho da Lua – A História do DJ Anderson Noise se ancora na vida do rapaz nascido numa família humilde em Belo Horizonte que acabou se tornando um dos nomes mais relevantes da música eletrônica no Brasil
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A História da Música Eletrônica Brasileira
Autor: Eric Marke
Mais um livro “obrigatório” para quem busca entender como iniciou a cena eletrônica brasileira.
Sinopse: MEB disseca a História da Música Eletrônica Brasileira.
Dos seus primórdios na inimaginável década de 1930, passando pelos marcantes anos 80 e 90 e chegado aos dias atuais.
Aqui você encontra um panorama histórico completo e objetivo sobre as personalidades, técnicas, instrumentos, estilos musicais, locais marcantes de apresentações de artistas, meios de divulgações e tendências que compõem o mosaico da MEB nas grandes cidades brasileiras.
Você também será apresentado aos principais artistas e personagens da cena musical eletrônica por meio de centenas de biografias ilustradas.
A pesquisa, o aprofundamento, as vivências, os olhares e ouvidos são todos do músico, professor, DJ e jornalista Eric Marke que dedicou grande parte de sua vida à Música Eletrônica. O livro MEB é singular, necessário, intenso e urgente.
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Bônus…
História social do LSD no Brasil: Os primeiros usos medicinais e o começo da repressão
Autor: Júlio Delmanto
Sinopse: Osmar Ludovico da Silva era um jovem de classe média, morador do bairro da Pompeia, em São Paulo, quando decidiu “botar o pé na estrada”, segundo suas palavras: mudou-se para a Europa antes do golpe de 1964, viveu em diversos países e se aproximou das formas de agir e pensar que compunham a nascente contracultura dos anos 1960 e 1970.
Envolvido com o comércio de haxixe para se sustentar, teria se tornado intermediário de um traficante libanês e, depois, tentado buscar direto na fonte, em Beirute, para vender na Dinamarca, onde vivia. Foi detido em 1968 com treze quilos de haxixe escondidos no painel do carro e passou um ano preso, entre penitenciária comum e uma espécie de manicômio judicial. Superlotação, torturas.
Lá, Osmar conheceu Barry John Holohan — australiano de rígida criação católica, sócio de cassino em Londres, e que, posteriormente, se descreveu como alguém que entrou para o tráfico mais em busca de aventuras do que de dinheiro —, preso pelo mesmo motivo. Quando soltos, Barry foi para a Califórnia, Osmar voltou para São Paulo. Os dois tinham um plano em vista: vender LSD no Brasil para comprar cocaína, que seria vendida na Europa.
Parece um enredo policial — e não deixa de ser —, mas é assim que começa o livro História social do LSD no Brasil: os primeiros usos medicinais e o começo da repressão, de Júlio Delmanto, fruto de uma pesquisa de doutorado defendida na Universidade de São Paulo.
A capa não é uma viagem. Quer dizer, é uma viagem, claro, mas não uma viagem aleatória. Aliás, sim, é uma viagem aleatória — qual não é? Enfim, o que estamos querendo dizer é que a ilustração da capa, assinada pela nossa diretora de arte, Bianca Oliveira, foi baseada livremente na descrição da primeira experiência que o poeta Roberto Piva teve com o LSD, nos anos 1960, na Serra da Cantareira, em São Paulo.
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