DJ Feio abre o jogo e fala sobre o fim da parceria XXXPerience e No Limits

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No último sábado, 16/01/2010, Luiz Sala, o dj Feio, lançou uma mensagem de esclarecimento pela Internet anunciando que nem ele, nem o Rica Amaral tocariam nas festas de carnaval da XXXPerience no Sirena (Maresias) e no Green Valley (Santa Catarina). Os idealizadores da XXXPerience, Feio e Rica Amaral, afirmaram que desde o ano passado estariam se separando da No Limits e alegaram que o impasse seria devido aos valores de compra dos 50% que foram dados por eles a produtora para a realização dos eventos.

No dia 09/12/2009, o EBEATZ divulgou aqui uma pequena nota comunicando o fim da parceria entre a produtora It’s Magic e No Limits na realização da Tribe, outra grande festa open air brasileira. Sem muitas explicações, o anúncio caiu como uma surpresa para o público geral, já decepcionado anteriormente com a não realização da tradicional edição de aniversário da Tribe.

A bola da vez agora é a XXXPerience. Para explicar o ocorrido, o EBEATZ entrou em contato com o dj Feio, que se disponibilizou gentilmente para responder algumas perguntas feitas por nós e pelo público. Com o objetivo de esclarecer com toda transparência, essa é a primeira parte que divulgaremos sobre o fim da parceria entre os idealizadores da XXXPerience e a produtora No Limits, assim como a realização das edições de carnaval em Maresias e Santa Catarina. Entramos em contato com as outras partes envolvidas no caso e aguardamos o posicionamento da No Limits, Jeje (TribalTech), o clube Sirena e a Green Valley.

Confira a entrevista na íntegra:

Para contextualizarmos o público, nos fale um pouco sobre o início da XXXPerience. Como ela foi idealizada?
A princípio, o Rica com outros amigos dele há 14 anos resolveram fazer uma festa de musica eletrônica denominada Rave Xxxperience. Depois disso ele veio a me conhecer e começamos a fazer a Rave Xxxperience juntos, sendo que a primeira foi na praia de Maresias, litoral norte paulista, no antigo Bar do Meio em 1996.

Com o sucesso e crescimento do núcleo, o aumento do staff da produção era algo que aconteceria naturalmente. Como surgiu essa parceria com a No Limits? Conte-nos um pouco sobre essa relação. Como era feito esse trabalho?
Nós fomos apresentados a No Limits pelo Junior, um dos antigos donos do Club B.A.S.E, de quem tínhamos a referência de serem muito bons na produção de eventos. Aí fizemos uma festa com eles em Sorocaba e depois fechamos uma parceria de 40% da festa “dados gratuitamente” a eles (Erick, Flavio e Edson) pelo pagamento das produções que iriam realizar para nós. Ao passar do tempo, achamos melhor dar 50% e para isso achamos melhor fazer um contrato, porém no decorrer dos anos os nossos sócios começaram a se associar e produzir outros eventos do mesmo seguimento da XXXPERIENCE, ou seja, eventos de música eletrônica. Eu acho isso desleal, não vejo problema da No Limits crescer e tal, mas o fato é que os donos da No Limits, produtora da XXX, são também sócios da XXX. Moral da história, eles abriram concorrência para eles mesmos, e a partir daí criaram agência de djs, empresa de equipamento de som, etc. Enfim, na minha opinião isso é monopólio, pois lá atrás quando demos as cotas de 50% era para eles produzirem somente a XXX. Por eles terem crescido muito, mudaram muitas coisas sem a nossa aprovação. Começaram a enfiar todos os custos de várias empresas deles nos custos das Xxxperiences, ou seja, quando rolava um prejuízo na XXX, eles recebiam pelas empresas deles, e eu e o Rica pagávamos o prejuízo. Quer dizer, eles nunca perdiam, só ganhavam nas costas dos sócios que “deram gratuitamente”’ esse Know How a eles.

Aparentemente, a sociedade parecia ir muito bem. Após, tantos anos de parceria, qual foi o verdadeiro grande motivo da separação?
Olha, como você disse acima, “’aparentemente” ia bem. Porém, ultimamente eles estavam agindo “’unilateralmente”, não nos pedindo opinião de mais nada. Vim morar em Sorocaba (sede da No Limits) para poder participar mais efetivamente da organização festa, e eu nunca era comunicado das reuniões, que a meu ver é uma falta de respeito dentro de uma sociedade. Inclusive eu e o Rica tivemos que gravar um vídeo que está em nosso poder, expondo tudo e eles afirmando o nosso questionamento a nosso favor, porque eles sempre falavam ‘’y’’ e faziam’’x’’. Então, o grande motivo da separação seria porque eles excluíram o Rica e eu, da situação geral da empresa que nós criamos e demos a eles.

Nos esclareça um pouco mais sobre o episódio das festas previstas para o carnaval no Sirena (Maresias) e no Green Valley. Foi um problema de negócios, relacionamento ou apenas um desencontro de informações? As festas não poderiam ser realizadas sem a autorização sua e a do Rica Amaral? E onde o Jeje (TribalTech) entra nessa história?
No final do ano passado estávamos em negociação de compra ou venda da XXX, mas não houve acordo. Saí de férias com a minha família no natal e ano novo, e de repente, vejo na internet um anúncio de duas festas da XXX no Carnaval, uma no Sirena (praia de Maresias/SP) e outra no Green Valley (Sta.Catarina). Nem eu e o Rica estávamos sabendo dessa parceria com os clubes, mais uma prova de estarem agindo “unilateralmente”, não nos comunicando de nada e o pior, não nos colocando no line-up. Por exemplo, “vou ao show da Madonna, mas ela não vai comparecer”. Inclusive já pedi para o meu advogado informar aos dois clubes que não estamos sabendo dessas duas festas. A meu ver, eles já estão agindo como se tivessem comprado a nossa parte, coisa que não aconteceu, sem contar a falta de ética deles de já terem divulgado tudo sem a nossa participação. Quanto ao Jeje, eu prefiro que vocês falassem com ele, mas até onde eu sei, ele também foi enrolado nessa historia, e acredito que os Clubes também, pois passaram a idéia que estava tudo bem e que logo estaria tudo resolvido, o que não é verdade até esse momento.

Como todos sabem, você junto ao Rica, foram grandes responsáveis pela expansão da cena psytrance no Brasil. Qual o sentimento de vocês em relação ao acontecido? Como vocês estão se posicionando a respeito?
Olha, quando começamos sozinhos, antes da No Limits começar a produzir, fazíamos tudo com amor e respeito ao nosso publico, pois tudo que é feito com amor o dinheiro vem como prêmio. Inclusive com essa pergunta você me lembrou de quando dávamos gratuitamente café da manhã, lembrancinhas, enfim, total respeito ao nosso público. Sempre fui da opinião que já que o público nos dá o maior amor com a presença deles, nós achávamos que além da festa que era nossa obrigação, deveríamos dar algo a mais como agradecimento a sua fidelidade com a XXXPERIENCE. Eu e o Rica estamos muito tristes em ver no que se transformou o nosso sonho e a atitude da No Limits, que ganhou tudo isso de graça, não reconhece.

Daqui pra frente, o que o público deve esperar da XXXPerience? Existe alguma probabilidade do fim do núcleo?
Fim da XXX nunca! Eu e o Rica gostaríamos que tudo isso fosse acertado rapidamente, pois não deixaremos o nosso sonho na mão de quem só pensa no dinheiro. Daqui para frente, queremos saber o que o nosso público quer para as XXX de 2010, pois de nada adianta uma super produção se você não sabe o que o seu público deseja. Afinal de contas, se chegamos até aqui é tudo graças ao nosso público.

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