Tech-house quer dizer o que mesmo?

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Por: Camilo Rocha

Lá pelo meio dos anos 90, o veterano DJ londrino Mr. C (na foto ao lado) inventou um novo termo musical: tech-house.

“O tech-house é o último bastião da cultura acid house. A vibe toda é sobre algo novo, algo inovador, um pouco eletrônico, novos sons, novas sensações, tudo é possível. Não existem fronteiras. Isso é que é bom no gênero tech-house. Ele pode ser hard techno. Ele pode ser breaks. Ele pode ser electro”, disse Mr. C numa entrevista em 2000.

Nos dias de hoje, o termo “tech-house” está na boca do povo como nunca esteve. Sim, porque tech-house pode ser antigo, mas ele nunca foi gênero “de massa”. Sempre comeu pelas beiradas.

Só que o contexto é outro: tech-house é usado como grife mais do que como um manifesto ou conceito. Do mesmo jeito que se usava “electro” há alguns anos para tudo que era menos “bombator” e de BPM mais baixo, posto depois ocupado pelo termo “minimal”, o lance agora é chamar tudo de “tech-house”.

AR DE CONHECIMENTO?

Acho engraçado ouvir as pessoas falando tanto em “tech-house” pra cima e pra baixo, com convicção e ar de conhecimento. Eu, por exemplo, tenho muitas dificuldades em dizer com confiança onde começa e onde termina o “tech-house”.

A prova é a seguinte: tente explicar o que é tech-house para alguém com conhecimento superficial de música eletrônica. Meus pais, por exemplo, ou algum amigo fã de rock. Eu consigo explicar para eles o techno. Consigo definir house. Breakbeat e trance, moleza. Agora tech-house é complicado.

Para quem está por dentro da música eletrônica, beleza. Eu diria algo mais ou menos assim: “BPMs na casa dos 130, groove retilíneo e vigoroso, adereços melódicos contidos, influências discretas de techno de Detroit, soul, jazz e eletrônica vintage, uma levada contínua sem grandes picos ou explosões.”

Antigamente, eram discos como “Free At Last”, do Simon, ou “Future”, do Halo Varga. Boa parte das faixas do Circulation, Halo Varga, Terry Francis, Terry Lee Brown Jr., Layo & Bushwacka, Get Fucked, Azad Rizvi, entre outros. Hoje, citaria músicas de nomes como Guillaume & the Coutu Dumonts, Jamie Jones, The Mole, Seth Troxler, DJ T, Nick Curly, Simon Baker e John Tejada.

Mesmo assim, como ficam tantas faixas de house com alguns detalhes mais “techno”. Ou tantos techno com uma pegada mais “house”. Ou músicas de “prog” que tem um ritmo menos, erm, progressivo e uma leve influência de Detroit. Ou “Amelie”, do Butch, no famoso remix do Format B. E o tal do “fidget house” não é também meio que um house “tech”?

Tech-house fase 2009 é a prova definitiva de como as etiquetas de gênero, tão caros à música eletrônica, se mesclaram e diluiram a ponto de não quererem dizer mais nada.

Então, para simplificar, acho que fica mais fácil fazer como todo mundo está fazendo: é tudo “tech-house”, “O Som das Pistas Eletrônicas do Momento”.

TECH-HOUSE ONTEM

TECH-HOUSE HOJE

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