Quando você ouve o termo festival, o que lhe vem a cabeça?
Se a sua resposta for apenas grandes DJs nacionais e internacionais, recomendo que no próximo festival corte suas raízes, se desprenda do main floor e vá vivenciar um pouco mais de tudo o que os festivais nos tem a oferecer.
Muitos de nós quando compramos o ingresso para um festival ficamos mentalmente nos programando qual artista iremos ouvir, se tiver duas (ou mais) pistas a confusão mental é ainda maior, pois os horários do DJ X bate com o horário do DJ Y e por ai vai. Lembro da primeira vez que fui para o Universo Paralello em 2008, meu roteiro era Barraca — Pista Principal (ou Alternativa) — Barraca. Passava pela feirinha sem olhar para os lados, focado apenas no próximo DJ do “livrinho”, espaço kids, cozinha comunitária, chill out nem existiam para mim. Esse roteiro se repetiu na edição do ano seguinte, porém, foi na minha terceira vivência de UP que realmente entendi e compreendi o que realmente é um festival.
Festival é diversidade e variedade cultural!
Podemos considerar o main floor como o coração do festival, porém todos os demais espaços são necessários para que exista uma conexão com o indivíduo, possibilitando cada indivíduo transcender e quebrar as barreiras criadas pela sociedade e cultura moderna.
Realizar um festival de trance psicodélico com o verdadeiro conceito e cultura que há neste movimento, ou seja, uma festa alternativa que engloba cultura, arte, espiritualidade, meio ambiente e que produza um efeito positivo e transformador no caráter e no aspecto moral do público, mostrando que outros modos de vida, que não os impostos pela sociedade moderna, são possíveis. (Universo Paralello, 2009)
Mas para que esta transformação ocorra da maneira correta é necessário que os núcleos tenham coragem de arriscar um pouco mais, como diz Luciano Sallun, do Pedra Branca — “A visão de cultura tem que ser ousada como a própria ideologia do trance”. Não basta apenas colocar um chillout, “jogar” alguns artistas, bandas de reggae e se autodenominar multicultural.
Hoje em dia, por exemplo, é quase que uma obrigação um festival possuir algum projeto de redução de danos para que seus frequentadores possam se informar melhor sobre o que estão consumindo.
É fundamental! Apenas a existência de um espaço assim já gera questionamentos-base no público que frequenta esses eventos. “Redução de danos? Que danos? Danos do quê?.” Vai levar um tempo até a pessoa fermentar essas informações, dificilmente vai se aproximar e querer conhecer logo de cara, mas será o começo.” (Rafaela Fanni, realiza esse trabalho de redução de danos corpo a corpo com as pessoas).
Seguindo esta ideia de multicultura, em setembro será realizada a quinta edição do Festival Terra Azul. Um festival “livre de rótulos e despretensioso” que com uma vasta programação visa explorar ao máximo a conexão com o seu público que vem crescendo e entendendo, a cada edição, mais essa ideologia proposta pelo núcleo.
Festival é uma vivência de paz e harmonia, pensando nisso os festivais trazem outras experiências além da música eletrônica. Essa experiência começa pelo tempo de duração e local escolhido para o evento, com base nesse tempo os festivais colocam atividades e atrações para todos os gostos, por isso vemos o empenho de alguns festivais como o nosso querido Terra Azul em conectar: natureza, pessoas, música, arte, educação, corpo e mente… nós somos parte de um todo e tratar o trance de forma holística é o que torna a experiencia do festival algo diferente e único.
Agora fica mais fácil entender o porque de uma área de cura, é nele que temos roda de conversa, onde podemos trocar conhecimento e tirar duvidas, onde cuidamos diretamente do corpo e mente através de terapias como massagem e reiki, alongamos o corpo e meditamos, fazemos yoga, participamos de uma vivência ou oficina é onde você alimenta seu corpo e sua mente de energia. Aí você pensa: eu só fico na pista, a tenda de cura não tem utilidade para mim. Você está enganado, sabemos através da física que tudo é energia, então a energia positiva e de cura produzida e vibrada pela tenda de cura, alcança todos os espaços e é reverberada pelas pessoas que ali estiveram, circulando por todos os lugares e alcançando todo público. Sim, você recebe a vibração da tenda da cura mesmo que nela não esteja. Sim, você é responsável por multiplicar essa energia quando frequenta a tenda de cura. Muitas pessoas em um mesmo lugar, vários dias, vários seres diferentes e únicos, é preciso equilibrar tudo isso, é por esse motivo que a tenda de cura tem uma função essencial em um festival.
Agora que você já sabe dessa importância, sugiro que de uma passadinha na tenda de cura do próximo festival que estiver, tenho certeza que transformara a sua experiencia de uma forma positiva. (Tatiana Cristina — Massoterapeuta que participará do Espaço de Cura do Festival Terra Azul)
Independente de qual seja, em seu próximo festival tente explorar ao máximo o local, as culturas e tudo que o evento oferece, com certeza você sairá dele muito mais renovado do que quando entrou.