Você já foi em um festival? Mas falo festival mesmo, não festas que começam na sexta e terminam no domingo e que se intitulam festival.
Festival não é determinado por número de dias, é aquele evento que te prende dentro e fora da pista, é um lugar que te propõe algo muito maior que dançar. Um festival te faz refletir sobre temas como arte, meio ambiente e principalmente sobre nós mesmos.
Quando vivenciamos um festival, saímos dele transformados. Lembro da minha primeira experiência em um festival, Universo Paralello 9, foi um choque de cultura para quem estava acostumado apenas com festas comerciais.
Aqui pelo sul temos poucos eventos que nos fazem ter essa reflexão pessoal, o Terra Azul é um destes eventos e nos vem surpreendendo a cada edição.
O Festival Terra Azul nasceu do simples desejo de preservar e manter viva a cultura alternativa e todas as suas formas de paz e amor. Da ideia de trazer para o sul mais a cultura de festival trance, na época aqui não existia ainda essa cultura e aconteciam normalmente festas de apenas 1 dia, ainda sim, o primeiro Terra Azul foi uma festa de apenas um dia, pequeninha, mas com este propósito já muito bem definido.
A sexta edição do festival foi realizada em Setembro deste ano, aproveitando o feriado de Sete de Setembro, surpreendeu mais uma vez com nomes de peso em seu line up como Ajja, Rica Amaral, LiftShift, Earthspace, Disfunction, Heterogenesis, Alien Chaos, Elowinz, Justin Chaos e projetos regionais como Zecodelico, Merkurio, Stancke, Taurum entre outros.
Mas como eu disse anteriormente, festival é aquele que nos faz também sair do mainfloor e viver novas experiências e, nessa questão, o TERRA AZUL foi impecável. Por todos os cantos do festival se respirava arte e cultura. Fazendo cumprir com seu papel social de “Integração social, liberdade de expressão e preservação do cultura alternativa”, como citado por um de seus sócios Jhou Haller.
Fora do mainfloor, considerado por muitos o coração do festival, era possível vivenciar uma imensidão de experiências sonoras e visuais.
No Palco Gralha Azul, por exemplo foi possível se entregar de corpo e alma a sons de bandas e DJs como Chama Crescente, Dow Raiz & Jazz Maia, Sallun, Notívagos, Rog…
Dançam nesta e noutra realidade. Dançam em ritmo de festa, em ritmo devocional, em ritmo de cura, de lamento e de pedidos. Há no balançar do corpo a vibração de milhares de ondas de energia. Um corpo sonoro e dançante altera profundamente nossa consciência, chegando a modificar a forma como experimentamos o tempo e o espaço. Dançar é transgredir o movimento, é recriar-se, é encontrar sua pulsação interna, conectar-se. Dançar de verdade é como viver de verdade, questionar, transgredir a forma e o ritmo imposto. Como instrumento de cura, ritual e louvor, a utilização do corpo verifica-se no mundo todo, pois sistematizar o “balançar” do corpo em dança cria a oportunidade de reestruturar a consciência abrindo as portas para estar “entre mundos”.
Outro espaço muito bem utilizado pela organização foi o Jardim de Ideias, onde era possível acompanhar diversas palestras sobre os mais variados assuntos e também sessões de filmes escolhidos pelo pessoal do projeto Cine Psicodelia, além é claro de exposições de artistas locais, com destaque para a exposição Art & Consciousness and Visionary Art do Antar Mikosz.
Mas a arte em um festival não fica restrita apenas aos espaços físicos, assim como ela faz o público se movimentar, ela também se movimenta e vai até o público onde quer que ele esteja, as intervenções artísticas esse ano fizeram muitos se emocionarem e abordaram temas que nos fizeram refletir.
Um ótimo exemplo foram as duas apresentações da estreante Caroline Borcate com seu projeto de dança tribal, Wakanda. Onde retratou em cada uma o fauno e a fada, trazendo uma reflexão do bem versus o mal.
Já o pessoal do Circoloko Alucinações, com seus malabares e com muito fogo, mostraram o porque são referências quando o assunto é intervenção.
O Espaço da Cura deveria ser parada obrigatória para todos os frequentadores, seja durante o festival ou antes de ir embora. Saindo da agitação das pistas, no Espaço de Cura, podemos ouvir o chamado para retornarmos a nossa verdadeira essência.
É um local onde o público pode relaxar, se tranquilizar, se reconectar com sua essência e também se conectar com outras pessoas que estão ali aproveitando o que é oferecido. Pois trazemos diversas práticas de expansão, despertar da consciência, auto conhecimento — tanto individual como em grupo — e também terapias alternativas e holísticas como alinhamento de chakras, reiki, quick massage, thai massage, massagem xamanica, consultoria em ayurveda, medicina sagrada e cartas ciganas. (Flávia Gomes, coordenadora do Espaço da Cura)
O Terra Azul cresceu muito desde a sua primeira edição e com este crescimento proporcionou um evento para ser aproveitado por toda a família. Durante todo o festival encontramos pais, avós, filhos e netos e para acolher de uma maneira mais confortável a edição deste ano contou com um camping específico para eles, e também o já conhecido Pinhãozinho.
Um espaço onde monitores realizam atividades em conjunto com pais e filhos. As atividades eram realizadas em um espaço destinado as crianças e também por toda a fazenda, como pinturas, contadores de estórias e plantação de mudas de araucárias, simbolo do festival.
O Terra Azul se tornou uma das principais referências no sul do país quando o assunto é um evento multicultural e familiar. Nele não respiramos apenas o trance, mas também o reggae, chillout, performances e todo o tipo de cultura que podemos imaginar.
A próxima edição já está marcada, será uma edição histórica, fazendo jus ao número 7.
Abaixo você também confere algumas fotos realizadas na edição deste ano.