Entrevista Rica Amaral e DJ Feio

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Por Bruna Armani – Grupo No Limits

A dupla que comemora os 13 anos de seu filho primogênito “XXXPerience”, fala sobre a edição especial da festa.

Olá DJs, para começar num clima mais descontraído, vamos falar de seus filhos, a Malu, o Lou Jai e a XXXPERIENCE. A festa já tem quase 13 anos e as crianças nasceram quase juntas em 2005. O que dá mais trabalho, o filho de 4 anos ou o de 13?
Temos como princípio básico de educação a honestidade e o respeito. Transmitimos isso sempre aos nossos filhos. A Malu e Lou Jai por estarem com 4 anos, não dão muito trabalho, estão na fase de descobertas e querem fazer tudo sozinhos, já não usam mais fraldas, se alimentam sozinhos, brincam sozinhos… Já a XXXPERIENCE dá mais trabalho, pois está na adolescência, é a fase de maturidade e de fixação de valores que o evento possui desde suas raízes.

Este ano WOODSTOCK comemorou 40 anos e os noticiários disseram que os festivais de música vivem um novo “boom”. Esse auge todo significa que vocês podem se sentir seguros quanto ao sucesso de suas festas?
No início das festas, quando fazíamos a XXXPERIENCE sozinhos, sempre enfatizávamos o respeito ao nosso público. Antes das festas, íamos à Rua 25 de Março comprar brindes para presentear as pessoas, no Ceasa comprar frutas, comprávamos suco de laranja, iogurte, entre outras iguarias que dávamos de mão em mão para o nosso público na festa pela manhã. A XXXPERIENCE não seria nada se não tivéssemos esse público, e em respeito a eles é que pensávamos: “vamos comprar umas frutas para que eles se sintam bem, como se estivessem em suas casas”. Sempre tentamos passar isso ao público, somos do tempo que o “fio do bigode” falava bem mais alto do que qualquer outra coisa. Portanto, por tudo isso que mostramos nesses anos todos, é que eu sei que as pessoas acreditam na nossa festa, e que ela será sempre um sucesso, pois estamos sempre pensando neles em primeiro plano.

Quais as principais diferenças entre os públicos da XXXPERIENCE de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Paraná?
Começando com a Bahia, essa festa particularmente traz praticamente gente de todo o país, inclusive baianos que provam que só de carnaval e axé o baiano não vive! Eles também precisam um pouco de e-music e a XXXPERIENCE está lá para isso. No Paraná eles são mais exigentes quanto às atrações, independentemente de estarem na mídia ou não. Já no Rio de Janeiro, o povo é festivo por natureza, praiano, e estão lá para curtir, eles acreditam em nosso bom gosto musical na formação do line-up. Minas Gerais também é exigente, pois são acostumados com os festivais realizados por lá durante o ano, além de vários clubs com DJs que vão do comercial ao underground, é um povo muito fashion pela própria essência e sabem o que querem. Finalizando por São Paulo, aqui é a nossa Nova York brasileira, temos de tudo um pouco, daí o fato de a edição especial ser aqui, pois além dos paulistas, todos os outros estados brasileiros mandam seus representantes, até porque muitos deles têm seus familiares por aqui e aproveitam a festa para as tradicionais visitas familiares ou para encontrar amigos de outras cidades. Mas no geral todas as cidades apresentam um público de grande vibe e sempre somos super bem recebidos por todos, sem distinção alguma entre esses estados.

Que atrações da edição especial que vocês estão doidos para assistir?
Nós dois indicamos DICK TREVOR [DICKSTER] um mago da psychedelic music, inclusive pelo tempo que ele atua na música eletrônica – seu primeiro projeto psy mais conhecido do público foi o GREEN NUNS OF THE REVOLUTION. Depois tem o grande AZAX SYNDROM, que todo mundo diz que é dark, mas vale a pena conferir, pois é um som único e não tão dark assim. Por fim o LOUD, que vem pela 1ª vez ao Brasil e que também possui um som único e inigualável, suas músicas viajam por todas as tendências da e-music e com um mix de extremo bom gosto.

Em termos de estrutura, qual patamar vocês almejam chegar? O que vocês sonham ter em seus eventos num futuro próximo?
Para o futuro, a grande tendência será continuarmos nesse mesmo estilo, com apenas duas ou três festas fora de São Paulo e a edição especial mostrando como é um festival de música eletrônica, com vários gêneros musicais, em várias tendas, deixando aquela imagem de “rave” no passado, nunca esquecida, pois foi a nossa base, mas um pouco mais com cara de festival de música eletrônica.

Citem alguns nomes importantes que fizeram parte do crescimento da marca XXXPERIENCE nestes 13 anos.
Primeiramente o público sem dúvida nenhuma, pois sem eles nada disso estaria acontecendo. Quanto aos artistas, acho que sem dúvida, dos internacionais, o SKAZI, seguido do ESKIMO, eles realmente agregaram muito ao já conceituado nome da festa, foi realmente uma troca, pois nós acreditamos neles e eles em nós. Entre os brasileiros, acreditamos que nossa imagem no exterior, onde já participamos de muitas gigs, contribuiu para expandir a marca internacionalmente.  Logicamente não podemos omitir a No Limits que produziu todas as XXXPERIENCEs nesses anos, e dos nossos parceiros em cada estado, peças fundamentais para o crescimento da festa.

De festa open air a festival. Como vocês, que ainda respiram tão fortemente o trance, encaram esta evolução, que trouxe outros gêneros até então inimagináveis numa XXX? Essa política será aplicada em toda a turnê 2010?
Essa implantação desses sons (referida como “evolução”) nada mais é do que músicas da cena eletrônica que já existem há anos. E para o público mais jovem, essa música é considerada “nova”. Para nós, que vivemos e respiramos isso há mais de 13 anos, já vimos esse “up and down” anteriormente, mas o público novo, que não pôde acompanhar a evolução da XXXPERIENCE nesses anos todos, não sabe que a nossa primeira festa era igualmente (a proposta, não a grandeza) a essa atual. Engana-se quem acha que a XXXPERIENCE sempre foi psytrance. Ao contrário, éramos muito democráticos nesse sentido. Muitos DJs participaram com a gente dessa batalha e evolução desde o começo, para chegar onde ainda estamos tentando chegar hoje em dia, como: Mau Mau, Marky (antes Marky Mark), Pil Marques, Anderson Noise, Camilo Rocha, Angelo Leuzi, André Pulse, Dimitri (Avonts), Renato Lopes, Alex S e mais uma lista de nomes enorme, que não caberia aqui. Mas acredito sim que, para 2010, essa mescla vai continuar, pois desde a primeira XXXPERIENCE em 1996 já havia esse formato.

Para os fãs, o que vocês gostariam de dizer sobre a festa de novembro?
Divirtam-se respeitando os outros e a si mesmos, pois a gente nunca sabe o dia de amanhã. RESPECT!

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