Existem os que têm medo de arriscar e ficam na mesmice de artistas, existem os que acham que realizar uma festa é uma brincadeira e acabam dando calotes em artistas e também existem os que se arriscam e assim, conseguem transformar a cena de uma região ou até mesmo de um país inteiro.
Já tive a experiência de trabalhar com esses três tipos, o primeiro nos faz entrar na mesmice, mas quando conseguimos sair desta zona de conforto descobrimos que podemos evoluir muito mais e, quando digo podemos não me refiro a apenas nós artistas, mas principalmente ao público que tem a possibilidade de crescer muito musicalmente. O segundo tipo é o que mais tenho visto atualmente, são pessoas que se acham “influentes” na cena eletrônica, que às vezes tentam arriscar, mas que ainda não entenderam que organizar festas envolve e sempre envolveu profissionalismo.
Já o terceiro grupo, esse sim me dá um prazer gigante de conviver. São pessoas e/ou núcleos que conseguem fazer artistas, público e música evoluírem juntos, são eles os responsáveis por não termos que conviver toda a semana com um Mundo Imaginário dentro e fora de clubs. Temos como belos exemplos os DJs Rica Amaral e Feio ambos precursores de um movimento por aqui, Juarez Petrillo com o Universo Paralello, Warung, o fotógrafo Murilo Ganesh, o site Psicodelia e também exemplos mais recentes como a Progressive, a Psycodélicos e também o Chakra Club.
2017 o ano do Chakra
Este ano o club já teve a oportunidade de nos apresentar grandes nomes como L_cio, Victor Ruiz, Blancah, Eli Iwasa e D-Nox, porém, na última sexta o Chakra Club comprovou definitivamente que 2017, o quinto de sua trajetória, é o ano de fazer e entrar para a história trazendo a lenda Dubfire.
Ali Shirazinia não é apenas um TOP DJ, mas sim um ícone que ajudou a mudar e moldar os caminhos do techno através de projetos como Deep Dish, Dubfire e, é justamente nesta questão de fazer o Techno evoluir que podemos dizer que o Chakra Club lhe caiu muito bem. Notem que não sou o único que aprovou este “casamento” de algumas horas entre o club e “Dub”.
Percebe-se aí um fenômeno fantástico acontecendo na cena nacional: a descentralização da cena clubber que tende a se fixar no meio urbano, mas atinge expressões singulares quando dada mais espaço e contato com a natureza, veja o Chakra Club por exemplo que cada vez mais eleva o nível dos seus line ups e no dia 13 traz não só Dubfire, mas também o frontman do D-EDGE, Renato Ratier, para o seu palco. (http://alataj.com.br/noticias/dubfire-tourbr).
Mas trazer um artista como Dubfire para dentro do club não é tão fácil como muitos pensam. Não se trata apenas de pagar o cachê de dois dígitos e algumas regalias como sake e Chandon existe também muito trabalho nos bastidores como a liberação de outros clubs que possuem certa “exclusividade” sobre o artista e é claro aquele tradicional risco de uma “ré” bem grande.
E é justamente neste ponto que voltamos àquela questão do primeiro parágrafo deste texto. O que seria da cena eletrônica (artistas, público e música) sem núcleos que assumissem esses riscos? Como seria esta mesma cena em locais distantes dos grandes centros sem clubes dispostos a apresentar algo diferente e inovador?
Sim! Para você que está acostumado a ir a clubes como Warung por exemplo, Dubfire pode não parecer tão inovador, mas para a grande maioria que esteve presente naquela sexta-feira 13 no Chakra tenho a certeza de que o conceito sobre o que é techno cresceu e muito.